Educadores em alerta para a correta identificação de crianças com enxaqueca
É cada vez mais comum a ocorrência de enxaqueca em crianças e adolescentes. Hereditariedade, estresse, alimentação inadequada, falta de exercícios físicos. Tudo isso pode contribuir para a ocorrência de dores de cabeça crônicas nas crianças. Muitas vezes, as crises podem acontecer na escola. Mas como o professor consegue detectar que a criança está com enxaqueca? Como lidar com o problema em sala de aula?
De acordo com o neurologista Henrique Carneiro, especialista em cefaleia, a enxaqueca apresenta sintomas que podem ser confundidos com outros tipos de problemas, como dor de barriga, enjôo, dores de crescimento ou até mesmo miopia. Encaminhada de forma incorreta, a crianças receberá tratamentos que provavelmente não solucionarão o problema. “As crianças com enxaqueca, muitas vezes, são tratadas para verminoses devido à dor abdominal ou diagnosticadas como dores de crescimento, nos membros inferiores. Estes sintomas são, na verdade, da própria enxaqueca. Se o problema for diagnosticado corretamente e o tratamento for conduzido ainda no início, é possível se evitar a enxaqueca crônica” alerta.
No Brasil, estudos revelam que cerca de 82% das crianças e adolescentes sofrem dor de cabeça pelo menos uma vez no período de 12 meses. E ela não está associada a nenhuma outra patologia. A dor de cabeça já é uma doença. Chamadas de cefaleias, essas dores são hereditárias. Isso significa que mais alguém da família tem ou teve esse problema.
Nos casos em que os acometimentos não são esporádicos, os pais – com a ajuda do professor – devem criar um diário da criança, contendo informações diárias sobre o que comeu,os acontecimentos mais importantes e uma descrição de quando e como essas dores de cabeça ocorrem em casa e na escola. “Este diário é muito importante para que o neurologista ou o clínico possa realizar um diagnóstico preciso da doença”, explica o neurologista. Henrique Carneiro alerta para que pais e professores sigam as orientações médicas quanto ao cuidado com medicamentos. “Analgésicos administrados sem indicação podem aliviar as dores, mas também podem piorar o quadro, desencadeando a cefaleia por abuso de medicamentos”.
É importante que a criança sempre relate as dores para pais e professores, sem que use isso como forma de chamar a atenção. “Toda queixa de dor deve ser levada em consideração. Porém é muito importante a atenção dos pais e educadores quanto à supervalorização dos sintomas. Muitas vezes, a criança pode se queixar para conseguir alguma outra coisa. É função do neurologista, juntamente com os pais, saber fazer essa distinção”, explica o médico.
A cefaleia pode comprometer a qualidade de vida da criança, principalmente prejudicando o rendimento escolar e as funções emocionais, mas é importante que ela tenha uma vida normal.
O médico ainda aconselha: “não existe fórmula mágica para evitar as dores de cabeça. Mas se pudéssemos evitar as situações de estresse e ansiedade, além de garantir alimentação saudável e exercícios físicos, provavelmente eliminaríamos mais de 90% das ocorrências de cefaleias. O mais importante é saber que a felicidade é o melhor remédio”.
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